Certa vez um homem piedoso, de boas obras, eloquente em suas
palavras e argumentos, considerado um homem de fé, temente, servo, caridoso, amável,
olhando para ele de nada alguém o acusaria.
Em uma de suas orações matutinas, chegou-se diante de
Deus e lhe disse; Senhor o meu maior desejo é adquirir um automóvel, mas na
realidade queria um que fosse, e assim descreveu o tipo, modelo, cor, ano,
marca e tudo da forma e maneira como queria, pois havia aprendido a pedir
assim, detalhando todos os detalhes do que gostaria de ganhar e como ganhar.
Fez esta oração por diversas vezes, e nada, não acontecia
absolutamente nada, participava de sorteios e sonhava em ganhar, embora não
fosse o que realmente almejava, mas já estava se contentando com aquele modelo,
mas sempre pensando no carro dos seus sonhos.
Em uma destas orações matutinas, colocou diante de Deus a
sua fidelidade em ser um dizimista e um ofertante fiel, pois alguém teria o
orientado a fazer assim, fez a sua oração e disse; não entendo o porquê não
recebo a minha benção, se há algum pecado em mim que esteja me impedindo de ser
abençoado me revela Senhor, revela ao teu servo para que haja um concerto, se há
alguma falta em mim, que eu possa estar reparando o meu erro, e assim também fez
a sua oração, pois assim também teria aprendido.
Passou-se alguns anos e nada da sua benção chegar, aquele
homem piedoso, de fé, temente, servo, caridoso, amável, já estava ficando
desacreditado em que, algum dia poderia receber a sua benção tão almejada, não
que ele estivesse perdendo a sua fé, mas já não acreditava poder alcançar algo por
ela.
Certa vez conversando com outro homem, também de muita
fé, respeitado por sua posição ministerial, estes dialogavam sobre benção
financeira, e este então contou o seu sonho, o seu maior desejo ao grande homem
ministerial, e este lhe pergunta, você pediu para Deus como você queria, falou
a marca, o modelo, a cor do automóvel desejado, este o homem piedoso lhe
respondeu sim, e ainda não recebeu? Ainda não, mas creio que a minha benção um
dia ira chegar, pois esta era a sua esperança.
O homem ministerial então lhe diz; você é um dizimista e
um ofertante fiel? Sim, sou, respondeu o piedoso, Deus sabe que eu sou fiel, só
não sei o porquê não recebo a minha benção.
O homem ministerial então lhe diz; e você quando oferta
como você faz a sua oferta, porque a sua oferta deve ser do tamanho da sua
benção e, aliás, você já dizimou a sua benção?
O homem piedoso lhe responde ainda não, nem sabia que
tinha que fazer desta maneira.
O homem ministerial então lhe diz; é ai que esta o
segredo, para que você conquiste no reino espiritual você precisa ser sábio, você
precisa usar a sua inteligência, você precisa ser esperto, pois os tais
herdarão o reino dos céus.
O homem piedoso então começa a refletir sobre a sua vida
e sobre as coisas que até então havia praticado, e chegou a seguinte conclusão,
que tudo o que havia feito, não havia feita da maneira certa, então começou a
pesquisar, a calcular qual seria o valor do seu dizimo e da sua oferta, para
conseguir o tão almejado sonho de consumo da sua vida.
Conseguindo o seu objetivo de dizimar e ofertar o valor
de sua benção, então só lhe restava esperar, aguardava ansiosamente, porque
quando menos esperasse a sua benção da maneira e modo desejado poderia
aparecer.
Começou então há passar o tempo, e nada da sua tão
almejada benção vir, novamente a sua fé estava em jogo, mas não como das outras
vezes, agora ela estava se apresentando como descrédito, estava colocando em
jogo o seu caráter, ele estava se irritando, achando que tudo não passava de
uma grande mentira, Deus, reino, Igreja, Jesus, etc...
Já sem forças para orar, meio confuso, desacreditado,
chegou diante de Deus e cobrou, cobrou o que achava ser direito seu, cobrou
porque estava escrito, cobrou porque eram muitas as coisas das quais lhe
falaram para fazer e ele fez ao pé da letra e da risca.
Em uma noite ele teve um sonho, sonhava que estava dando
uma banda com o seu tão almejado sonho de consumo, sonhava que passando, as pessoas
o admiravam, pois o seu automóvel chamava a atenção por onde passava, as
pessoas paravam, algumas tiravam fotos, pois não era muito comum um automóvel com
aquelas características, ele o homem que se achava piedoso, se sentia orgulhoso
por as pessoas estarem admirando o seu automóvel.
Quando acordou, levou um susto, se levantou rápido da
cama, olhou de um lado para o outro e viu que tudo não passava de um sonho,
indignado bradou, droga tinha que ser um sonho?
Mas de repente no fundo do seu coração apareceu uma
pontinha de esperança, abriu um sorriso em seu rosto e disse; minha benção esta
próxima, eu sei que este sonho foi um sinal de Deus, eu sinto que Deus vai me
abençoar.
A cada momento se lembrava do sonho e se sentia muito
feliz, este foi um dia muito especial para o homem que se achava piedoso, pois,
aliás, havia surgido uma esperança em seu coração.
Mas novamente o tempo se passou e nada acontecia, e o
homem novamente começou a passar pelas mesmas decepções, só que agora estas
decepções começaram a gerar em sua vida ira, muita ira, quando ouvia falar de
benção este se irritava, quando ouvia algo relacionado a sonhos, o único pensamento
em sua mente se tornava em um pesadelo.
As suas orações já não eram mais as mesmas, a sua vida
com Deus também, já não era frequente a sua fidelidade, o seu temor e amor
pelas coisas do reino.
Novamente o homem que deixou de ser piedoso teve outro
sonho, sonhava que estava passeando com o seu automóvel, indiscutivelmente era
o mais admirado entre tantos que passavam pelas ruas, as pessoas admiravam,
paravam e tiravam fotos, na verdade o seu automóvel era o centro das atenções,
não tinha uma sequer pessoa que não cruzasse com o seu automóvel e não fizesse
um comentário se quer, mas ele já não se sentia assim tão importante, já não
era como no primeiro sonho, que se sentia orgulhoso por ter um automóvel tão
admirado.
Quando este homem acordou, não levou um susto, nem olhou
de um lado para o outro, muito menos ficou contente, pelo contrario ficou
pensativo, pensou por algum tempo tentando entender aquele sonho, do porque que
ainda não havia recebido a sua tão almejada benção, visto que estava rodeado de
promessas, estava garantido pela própria palavra de Deus, estava respaldado
pelas mensagens dos ministérios, estava, estava na realidade, estava tentando
entender o porquê, porque não acontecia o que almejava o seu coração, depois de
muito pensar chegou a uma conclusão; Há isto tudo é balela, isto tudo não
existe, Deus na verdade não existe, nada existe, o que realmente existe é isto,
eu, eu existo, existo para me frustrar, porque na verdade devo ser o único na
face da terra que não consigo nada, sou o único que Deus não esta nem ai, sou o
único que faço papel de trouxa, eu sou mesmo um nada, e diante de tantas palavras
ditas desabafou.
Conclusão; porque que associamos nossas vidas as benção
materiais? Porque queremos e almejamos tanto as coisas deste mundo? Porque que
temos que ter? Porque que temos que ser os privilegiados dentre tantos? Porque que
Deus precisa ser obrigado a me abençoar? Porque, porque e por quê?
Se você tiver algo a falar, comente, deixe aqui a sua declaração para que outros também possam chegar a uma conclusão e quem sabe não venha a ser a mesma deste homem, que no final de todas as coisas só lhe restaram a indignação e a decepção, a perca da fé e a murmuração...
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